Furiosa: Uma Saga Mad Max

A fúria será teu legado. Furiosa parece ter uma missão impossível, afinal, “Estrada da Fúria” nos apresentou uma história que corre do ponto A ao B, sem muitos malabarismos, apenas adrenalina. Esse novo filme, então, parece apenas querer encher essas lacunas não-ditas dos motores e, embora o genial George Miller tenha desenhado a linha tão alta para não conseguir superar, Furiosa é uma saga de vingança sinfônica tão imensa e autossuficiente que se recusa a ser vista como uma mera extensão de outro filme, embora consiga aprofundar o impacto de “Estrada da Fúria” em cada capítulo.

O longa nos mostra a sequência de acontecimentos ferozes que levaram Furiosa até o estado em que encontramos em Estrada da Fúria. Se antes o conto épico do lendário diretor parecia visionário a partir de assuntos que não lhe era permitido filmar, agora, em “Furiosa”, ele desenterra as raízes que levaram à catarse cinematográfica, sem perder sua força criativa. A abordagem de Miller para construção desse ódio é tão admirável que você nem percebe as raras falas de Furiosa: não é necessário. Anya Taylor-Joy está tão impressionante em seu papel que ela transmite todas suas nuances somente com seus olhos. A prova do nascimento da personagem icônica.

Talvez, esse universo expansivo pode parecer desgastante, porque passa por cima de desenvolvimentos massivos da trama como se fossem meros buracos. O que pode ser “grave” é acompanhar a relação do Dementus e Immortan Joe com Furiosa. Porém, o que parece lacunas, para mim, é a riqueza de detalhes que tem a mitologia da franquia. Cada faceta de Furiosa é um convite a ação, presente no design de som impecável, na atmosfera punk, na exploração do deserto, na inventividade selvagem da decupagem em criar planos como se quisesse jogar o espectador para seu caos.

A odisseia de Furiosa mostra a recusa da personagem em se tornar parte da crueldade deste mundo. Tão intenso que pode estranhar qualquer espectador que seja um prelúdio de uma obra que cuspiu fogo em todas as direções no passado. Quanto a isso, não estranhe. É um blockbuster sem medo de cores, linguagem, criatividade e beleza. George Miller ainda tem talento de sobra para torná-lo épico.

Posts Relacionados?

O multiverso do entretenimento. Fundado em 2023 por Isaac Alexandre, Joaão Carlos e Lucas Barboza

© TOMATEVERSO – Todos os direitos reservados.

Conteúdo protegido por direitos autorais.
Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor