Luca Guadanino domina muito bem a sensualidade. Ele provou isso ao mexer com assuntos tocantes como descoberta em “Me Chame Pelo Seu Nome”, ou quando reimaginou o canibalismo como fetiche em “Até os Ossos”. Em #Rivais, chegou o momento de jogar tênis que, no bate-bola desta partida, o filme, que beira o vulgar às vezes, você aproveita cada ponto como se fosse indecente.
Durante uma partida acirrada em um torneio, dois jogadores – os dois homens na quadra e uma mulher, observando nas laterais – se comunicam através do corpo, com gestos, olhares, grunhidos e suspiros, expressando o que ficou não dito entre eles. A partida de tênis central serve como um dispositivo de enquadramento para uma série de flashbacks que nos conta o não dito.
É o exemplo máximo do conceito de que o tênis não é apenas bater em uma bola, é um relacionamento. É o que diz Tashi (#Zendaya) em um dado momento. É através desta metáfora do tênis que o roteiro de Justin Kuritzkes e direção de Guadagnino exploram a maneira como o poder, o desejo e a ambição estão entrelaçados nos relacionamentos íntimos de maneira fetichista. Apesar do sexo nunca estar em cena, os diversos encontros do trio do passado ao presente, juntamente com as tramas e conflitos, compõem o prelúdio que estabelece a relação com o espectador.
A trilha sonora é complexa, sob qualquer cenário, o techno pulsante proporciona uma injeção de adrenalina instantânea. Cada saque é um disparo, cada movimento dos jogadores é vigoroso, destacando músculos e expressões faciais, dominando a tela. A tensão é palpável na partida, contudo, sempre que se aproxima um momento crucial, o filme bruscamente corta, deixando-nos ansiosos e privados da catarse compartilhada. Estamos constantemente excitados pelas preliminares audiovisuais.
É preciso, então, aguardar ansiosamente as preliminares serem construídas e se extasiar com cada cena. Não importa o quanto o neoconservadorismo tente lutar contra, a tensão e construção de sensualidade é inerente. Tudo é sobre tênis. Menos o tênis. Esse é sobre o tesão. No fim, o grito de prazer de Tashi releva o clímax desse relacionamento, seja com o tênis, ou com a tela.
