Quando a segunda temporada de #Hacks acabou, tivemos um dos melhores diálogos já feitos pela série, em que Deborah despede Ava não como punição, mas como uma forma de encorajá-la a seguir seu próprio caminho como roteirista. A época, considerei um tiro no pé, já que a principal dinâmica da série era apoiada na química e trocas incríveis entre Jean Smart e Hannah Einbinder. Os showrunners sabiam bem disso, e, assim como as carreiras de Deborah e Ava, a série nunca esteve melhor.
Que surpresa, então, é poder ver que a série não caiu na mesmice que ela poderia cair. Em vez de parecer preguiçosa ou inchada, ela encontrou desafios e tensões emocionantes para seus personagens que abrangem o profissional e o pessoal, com este último levando a algumas cenas realmente comoventes na relação entre Deborah e sua filha DJ, ou com a rixa com a irmã. Porém, enquanto a série constrói essas histórias estabelecidas em temporadas anteriores, ela aproveita para subir ao próximo patamar. Assim como Deborah, “Hacks” agora faz a pergunta de o que fazer com o sucesso quando você finalmente o alcança.
Acontece que ainda há lugares para ir ao topo. Tanto a Deborah, quanto os produtores, e até mesmo os showrunners, reconhecem que a vitória só é garantida quando se apoiam na excelente química entre as protagonistas, que agora resolvem mudar sua dinâmica de relacionamento e isso não poderia ter sido melhor. Agora, elas são amigas, com um profundo amor uma pela outra, visando levar Deborah a apresentar um programa de TV de destaque. Com essa missão em mente, a temporada se mantém coesa, focada e interessante de assistir.
“Hacks” consegue manter todo o seu comentário social que faz desde as primeiras temporadas, e de forma muito natural. É uma série que interroga o que impulsiona os comediantes e que é profundamente respeitosa com a ciência da comédia. Por isso, “Hacks” se mantém como uma das séries mais engraçadas da televisão. Um drama que fala dos bastidores, mas que, ainda assim, se mantém muito moderna até mesmo nos seus episódios mais básicos. Ava e Deborah mostram que podem trabalhar juntas, podem até se tornar amigas. E se tiver sorte, juntas, podem criar algo realmente especial.